"Como trabalhar com
brinquedos"
1 -Como trabalhar bem sem uma brinquedoteca?
Ela não garante um trabalho bem-feito. Além disso, não é
interessante que os brinquedos fiquem restritos a um ambiente. As crianças
precisam encontrá-los em vários lugares e momentos. A preocupação maior deve
ser em relação à organização do local e ao acesso dos pequenos aos itens. De
nada adianta ter uma brinquedoteca se ela sempre estiver fechada ou se a turma
só usá-la esporadicamente. Se ela existir, o acesso deve ser livre, assim como
a circulação de brinquedos pela escola.
2 -O que fazer se não existem brinquedos para
todos?
É importante organizá-los para que sejam compartilhados,
garantindo que todos brinquem. Os educadores devem planejar intercâmbios de
objetos entre as turmas e a interação entre elas, inclusive reunindo crianças
de idades diferentes (leia a atividade permanente). A garotada tem muito a
ganhar: há trocas de ideias e o brincar se torna mais rico.
3 -Armas de brinquedo devem fazer parte do
acervo?
Mais do que decidir por incluir armas ou outros objetos, o
importante é que as crianças possam elaborar ideias sobre o bem e o mal. Nas
brincadeiras, o vilão é tão importante quanto o mocinho, portanto os pequenos
têm de lidar com ambos no universo lúdico.
4 -Há itens adequados para meninos e para
meninas?
Não. Se o brincar é um modo de representar, experimentar e
conhecer as culturas, não faz sentido imaginar que panelinhas são só para
meninas, e carrinhos, para meninos. Todos precisam ter acesso a qualquer item
sem distinção e ficar livres para escolher com o que brincar. Elaine Eleutério,
coordenadora pedagógica da CEINF Lafayete Câmara, em Campo Grande, explica que,
quando os meninos, por exemplo, se negam a participar das brincadeiras de
casinha por acreditarem que isso não é coisa de homem, os educadores entram em
cena. "Questionamos a validade da afirmação com os pequenos. Dizemos que
existem homens que fazem as tarefas domésticas e perguntamos se a turma conhece
alguém que faça isso no dia a dia", diz.
5 -É interessante usar sucata para incrementar o
acervo?
Sim, não há problema em reaproveitar materiais. Ao eleger
quais vão ser usados, é necessário questionar a utilidade que eles terão. Não
se trata de aproveitar qualquer coisa para montar brinquedos, e sim criar
brinquedos com objetos interessantes, de qualidade, bonitos e que não sejam
perigosos. O ideal é deixar à disposição itens de uso não evidente, como rolos
de papel-alumínio, e estimular os pequenos a conferir utilidade a ele, montando
lunetas, binóculos ou cornetas, por exemplo.
6- Deve-se permitir levar brinquedos de casa?
Sim. As crianças gostam de fazer isso para mostrar aos
outros quem são e do que gostam. Também o fazem para ter por perto um objeto
pessoal com o qual se identificam e têm familiaridade. Combinados com a turma e
com as famílias sobre emprestar os objetos para os colegas brincarem, ter
cuidado para não danificá-los, misturá-los ao acervo, perder os esquecê-los
ajuda a evitar problemas. É válido elaborar uma lista coletiva do que não é
legal levar, dos brinquedos que não se quer emprestar, que tenham peças muito
pequenas ou que já existam na escola e divulgá-la para os pais. Estipular um
dia para que todos levem seus brinquedos pode ser uma alternativa interessante
desde que não seja esse o único dia que eles tenham para brincar.
7 -Quais objetos fazem as vezes dos brinquedos?
Há muitos que podem enriquecer a brincadeira. Quem acha que
os pequenos precisam de algo específico são os adultos. O acervo pode ter
coisas perenes, como caixas de madeira e tecidos. "Eles podem ser usados
para construir diversos itens", explica Cisele Ortiz, coordenadora de
projetos do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. Lupas, fitas métricas e lanternas
são ótimos para estimular a meninada a estudar e explorar o ambiente.
8 -Como evitar que a turma destrua os
brinquedos?
Primeiramente, é fundamental compreender que mesmo os
objetos de qualidade não são eternos. Depois, brinquedo desgastado é sinônimo
de brinquedo usado. Explique às crianças que cuidados são essenciais para
manter os itens em bom estado para serem usados por outros colegas que chegarão
à pré-escola no futuro, por exemplo. Novos brinquedos no acervo, principalmente
aqueles que o grupo não conhece, pedem atenção. Ninguém sabe como cuidar do que
nunca viu e que não sabe como funciona.
(Texto extraído do site
da Nova escola)
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